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Abuso sexual no esporte

Participei agora de mais uma matéria que entrará no caderno de Esportes da Folha de São Paulo e será publicada no próximo domingo.
Assunto: exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes no esporte.
Boa parte dos clubes não tem a preocupação com este tema – que exige um cuidado maior dos órgãos regimentares esportivos e até da Justiça Comum.
O Estatuto da Criança e do Adolescente exige que todos os clubes tenham psicólogos em suas categorias de base. Como estamos no Brasil e, sabemos, nada é feito de forma séria – o “jeitinho brasileiro” acaba sempre prevalecendo: vários clubes pagam psicólogos para não trabalhar – apenas para estar livres das multas que a ausência deste profissional poderia gerar. Claro que uma minoria das instituições esportivas que é administrada por pessoas éticas e preocupadas com o lado social dos garotos investe nos departamentos de Psicologia do Esporte e Assistência Social. Só que esta minoria, infelizmente, ainda representa um percentual mínimo diante do imenso quadro de demandas dos atletas brasileiros.
Enquanto isso, os programas de prevenção e promoção de saúde no esporte ficam para segundo, terceiro, quarto, milésimo plano. Jogadores de futebol e de demais modalidades que não contam com uma família bem estruturada estão ainda mais expostos e vulneráveis ao assédio e abuso sexual.
Nos Estados Unidos, cartilhas, programas, sites de denúncias foram criados após os recentes escândalos de abuso sexual infantil feito por um treinador esportivo. Por aqui, dirigentes ainda fazem vista grossa para este absurdo que gera sequelas muitas vezes irremediáveis na vida e esperança de um futuro melhor para os garotos.
Mas fazer o que? Isso, pelo visto, só dá audiência quando a Xuxa vem a público relatar que foi abusada quando criança. A comoção dura pouco mais de uma semana. Depois todo mundo esquece e o terror continua crescendo diante de uma sociedade que se sente impotente e temerosa diante destes monstros.

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