04 A CRISE DOS PAIS NA ADOLESCENCIA DOS FILHOS
Enquanto ele está na subida, eu estou na descida, entrando na menopausa (..) e o pai também. (Mãe de um adolescente de 15 anos.)
Vimos no capítulo anterior que o adolescente, durante o pro cesso de identificação, atravessa um conjunto de transformações intrapsíquicas relativas à evolução da sexualidade na busca de novos objetos de investimento libidinal: atravessa a elaboração de inúmeras perdas; sofre a manifestação do narcisismo primitivo e de seus aspectos atuais; reorganiza o ego em seus aspectos dinâmicos e estruturais; rompe e modifica as relações entre as partes não-discriminadas e discriminadas da personalidade; busca seu verdadeiro self e se conflita com o self social turvado pelas necessidades adaptativas; vive transformações cognitivas e realiza inúmeras conquistas no campo experiencial, redefinindo suas condições existenciais.
Esse conjunto de transformações, que caracterizam a crise normal da adolescência, tem repercussões diretas na vida relacional, funda mentalmente com os pais reais. Surgem conflitos que são acrescidos pelas ansiedades decorrentes de transformações pelas quais os pais também estão passando, por estarem atravessando a meia-idade. Período crítico, conturbado por redefinições de natureza existencial, e que coloca a personalidade dos pais em questionamento.
A crise normal do adolescente caracteriza-se por um período no qual grandes transformações biológicas, psicológicas e sociais ocorrem.
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Em meio a essas mudanças, há uma busca de uma nova identidade, autonomia, definição sexual, social, ideológica e profissional. Lutos são vividos, relacionados à perda do corpo infantil, dos pais da infância e da criança que até então o jovem vinha sendo e, às vezes, o é, sem perceber ou admitir que assim seja. Concomitantemente, inúmeras descobertas são realizadas, transformando as dimensões do seu horizonte existencial. Uma série de mecanismos intrapsíquicos prevalece durante esse processo, tais