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Cadernos Benjaminianos | Susana Kampf LagesA Tradução como trabalho da memória e traço mnêmico Susana Kampff Lages – Universidade Federal Fluminense
Resumo: O trabalho pretende realizar uma leitura do ensaio benjaminiano “A tarefa do tradutor”, buscando identificar analogias entre o trabalho (a ‘tarefa’) do tradutor e o trabalho psíquico da rememoração. Sendo mutuamente determinantes, tradução e rememoração são inseparáveis: todo processo rememorativo implica tradução e toda tradução, ao se concretizar, exibe traços de sua relação rememorativa com o texto original. No contexto de uma reflexão sobre as traços mnêmicos (Erinnerungsspuren), é eloquente a imagem acústica do eco, utilizada por Benjamin, que põe em cena a tradução como produto de um complexa relação entre língua do original e língua da tradução, por um lado, e entre o original e outros textos que o antecedem, por outro.
Palavras-chave: tradução – rememoração - eco
Num livro fascinante, o filólogo e teórico da literatura alemão Harald Weinrich persegue, de um ponto de vista bastante original, as pistas que a arte da memória deixou na tradição literária e filosófica ocidental. A originalidade de sua proposta de leitura em
Lete. Arte e crítica do esquecimento, está no fato de ele deslocar o foco de interesse, ao longo dos dez capítulos que compõem a obra, para a reflexão sobre o esquecimento, a necessária e ela mesma muitas vezes esquecida contraparte da memória. Nessa obra de grande erudição, Weinrich lê as figurações da memória e do esquecimento desde a
Antiguidade clássica, de Simônides de Ceos, Homero e Ovídio até chegar, num passeio memorável pela literatura e filosofia dos séculos subseqüentes, a escritores do século XX com suas memoráveis catástrofes. Entretanto, nessa obra de vulto não há um capítulo sobre o papel do esquecimento na obra de um certo leitor de Nietzsche, Freud e Proust: aquele escritor “estrangeiro de nacionalidade indeterminada mas de origem alemã”:
Walter Benjamin. Weinrich o