Enriquez Eugene Da Horda Ao Estado hellip

um homem que carrega em si, segundo os sacrificadores, todos os estigmas da feiúra e do ódio, e próximo do diabo. O judeu poderá ser perfeitamente essa pessoa, na concepçio nazista. A vítima, qualquer que· seja ela, é então imolada {mesmo se os sacrificadores não têm consciência disso) para permitir à comunidade encontrar sua coesão e sua ordem (que teria sido ameaçada, real ou imaginariamente) .~• Se ela alcança esse objetivo, é por~ 116 da hO#'da ao Estado que a yítjma é semelhante ao saçrificador (seja por excesso: ela é mais bela; seja por falta: ela é mais feia). Uma vítima "desse.raelhagte" não pferece nenbum interesse, já que ela não pode ser o recept6culo das projeções. Um artista como Cbarles Cbaplin compreendeu bem isto: no filme O grande ditador. ele deu o mesmo rosto a Heinkel e ao pequeno cabeleireiro judeu. Poderíamos dar numerosos exemplos em nossa sociedade. Salientemos, desde já, que os indivíduos ou grupos sacrificados em nossa sociedade, no altar do progresso e da recuperação econômica, são os mesmos dos quais glorificávamos o trabalho e as tradições, ou dos quais nos dizíamos seguidores: os agricultores que trabalharam o território, os intelectuais e artistas q ue constituíram o patrimônio cultural do país. Eles devem ser sacrificados, pois são vistos como os resíduos de uma ordem antiga que, se voltasse ainda a se manüestar, traria a desordem e a confusão. A economia do sacrifícjo é clara: para bltar 'SQotra a indiferenciacão, a contra-ordem,…