Os modos de discurso da teoria da arquitetura
Carlos Antônio Leite Brandão
1 — Pressupostos para o mapeamento da teoria da arquitetura no Brasil
Mapear a teoria da arquitetura brasileira exige esforço de muitos e prazo dilatado. Contudo, é trabalho imprescindível. Não temos, por exemplo, o registro dos textos sobre arquitetura e urbanismo aqui presentes no período colonial e isto nos leva a entender precariamente a gênese de nossas produções, as tradições estilísticas que aqui vingaram, os desvios e novidades apresentados, os interlocutores com e contra os quais dialogaram nossos primeiros arquitetos e urbanistas. A originalidade e vigor do Barroco Mineiro, entre outros casos, poderia ser melhor aferida se desdobradas suas aparentes semelhanças formais com o barroco tardio ibérico e da Europa setentrional de modo a permitir reconhecer as fontes textuais e figurativas que compuseram acervos das mais diversas ordens: públicos, privados, eclesiásticos, corporativos, oficiais ou oficinais.
Também não temos sistematizado o substrato teórico que preparou e conduziu a arquitetura moderna brasileira. Sem isso, o entendimento desse movimento permanece precário e subordinado à produção dos arquitetos: tivemos protomodernistas, tais como Choisy, Guadet, Garnier e Perret prepararam o caminho de Le Corbusier? Existe um Vers une Architecture tupiniquim? Produzimos sólidos alicerces teóricos ou nos limitamos a debater as produções estrangeiras? Qual a herança de tudo isso no quadro de nossa arquitetura? Os mesmos problemas se transferem para o momento atual: assistemática, extremamente dispersa, carente de meios mais consistentes para sua divulgação, nossa produção teórica permanece mal reconhecida, incapaz de fornecer alternativas e balizamentos críticos para a extrema difusão da produção estrangeira, a qual, freqüentemente, age na contramão de nossas próprias necessidades e contextos ambientais, espaciais e culturais.
Além disso, não criamos o devido espaço de