“Neutralizando” o Discurso: Dicionário de (Anti) Tucanês de José Simão

“Neutralizando” o Discurso: Dicionário de (Anti) Tucanês de José Simão

“Se eu não tivesse um senso de humor, faz tempo eu teria me suicidado.”
Mahatma Gandhi

Cada ser humano é único e, como consequência, singular é também seu ethos: sua forma de ser e estar no mundo é resultado de suas crenças e valores éticos, sociais, políticos e econômicos.

Partindo da ideia exposta acima, a forma mais apropriada que as pessoas têm para se mostrar aos demais e, logo, se fazerem entender é através do uso da linguagem, seja ela verbal e/ou não-verbal.

Se pensarmos especificamente no uso das palavras, chegaremos à conclusão que quaisquer delas que usarmos são carregadas de significados ideológicos, políticos e sociais e de uma escolha pessoal significativa do sistema linguístico (que nada mais é do que o reflexo da experiência de vida!). A fim de corroborar o que acabou de ser dito, faremos referência às palavras do professor e pesquisador Jean Lauand ao estudar a obra do filósofo alemão Josef Pieper:

“(..) as palavras têm frequentemente um potencial expressivo muito maior do que à primeira vista se adverte no quotidiano, quando delas fazemos uso de modo tão familiar e quase autônomo.” (LAUAND, 2007, p. 135)

No entanto, muitas pessoas se posicionam de um modo genérico, indeterminado, neutro – seja por opção seja por falta de instrução e vocabulário. Quando esse fenômeno linguístco é utilizado intencionalmente, ocorre uma “ampliação de horizontes de pensamento” (Idem, p.168) tanto para quem se expressa quanto para seu interlocutor, o qual se vê obrigado a “preencher a (evidente ou não) lacuna (...) deixada” (Idem, p. 173) para que consiga efetivamente estabelecer um diálogo coerente com o outro.

Ademais, essa indeterminação ou neutralização suaviza as formas de convivência e, ao mesmo tempo, evita choques de opinião e desentendimentos. Além disso, quem a utiliza assume a forma, digamos, de um ditador, pois pode criticar amplamente o seu interlocutor de acordo