é preciso ouvir as crianças
A sociologia da infância se propõe a construir a primeira fase da vida do ser humano livre de interpretações nas quais as crianças se desenvolvem independentemente da construção social, das suas condições de existência e das representações e imagens historicamente construídas sobre e para elas. Trata-se de uma área nova, recém-desbravada por pesquisadores de todo o mundo. Manuel Jacinto Sarmento, diretor do Centro de Educação da Universidade do Minho, em Portugal, é um deles. "Os estudos têm dito, há 20 anos, de maneira enfática, que os pequenos necessitam ser conhecidos em sua verdadeira realidade." Durante visita ao Brasil para uma série de encontros, eventos e visitas, Sarmento concedeu entrevista à repórter Cristiane Marangon logo após sua exposição em um congresso de educação infantil realizado em Maceió (AL). "Tenho aprendido muito com os brasileiros e com suas experiências concretas de vida. Há muita troca de conhecimento e esses intercâmbios também são de muita aprendizagem."
É possível definir um tipo de infância?
Essa questão é controversa e muito debatida por diferentes autores. Alguns dizem que é necessário falar da infância no singular para tratá-la como categoria social. Os sociólogos que trabalham com essa visão se preocupam com indicadores sociais de demografia ou de economia e também de natureza simbólica. Na demografia, procura-se perceber de que modo o grupo infantil estabelece relações de porcentagem com outros agrupamentos populacionais e quais são os diferentes espaços que ocupam na sociedade. Do ponto de vista econômico, entende-se que as crianças, com exceção daquelas vinculadas ao trabalho infantil, se caracterizam por não participar da economia e, por isso, não são importantes como classe econômica. No simbólico, as concessões que existem traduzem-se nos modos de agir dos adultos em relação às crianças. Há também os sociólogos que trabalham na base interpretativa ou crítica, que tendem a encontrar e