É pra isso que serve
René Lourau
Um novo espírito científico
Félix Guattari escrevia recentemente, apresentando um número de Recherches (revista do movimento institucionalista):
“A análise institucional implica um descentramento radical da enunciação científica. Mas, para consegui-lo, não basta dar a palavra aos sujeitos envolvidos – às vezes uma questão formal, inclusive jesuítica. Além disso, é necessário criar as condições de um exercício total, paroxístico mesmo, desta enunciação. A ciência nada tem a ver com medidas justas e compromissos de bom tom. Romper, de fato, as barreiras do saber vigente, do poder dominante, não é fácil... É todo “um novo espírito científico” que precisa ser refeito.
Este texto, sob a forma de um manifesto, indica o que está por construir e o que se precisa realizar: “um descentramento radical”. Neste capítulo, trataremos de apontar como se efetuará tal descentramento e quais são os “centros” deslocados pelo movimento.
A ANÁLISE
Análise Institucional: trata-se, em princípio, de definir cada um dos termos e de estabelecer em que se modificou seu conteúdo.
Antes de mais nada, que significa o termo análise? Começaremos pela definição de
Yves Barel.
“Em que consiste o método analítico? Baseia-se, essencialmente, na hipótese de que é possível explicar e compreender uma realidade complexa decompondo-a em elementos simples, analisando cada elemento e somando, ou pondo uma depois da outra, essas análises. O método analítico não rechaça as relações nem a interação entre os elementos. Mas se baseia na idéia de que tais relações são mais bem explicadas através da ação dos elementos, pois aquelas não explicam esta ação. Sejamos um pouco mais precisos: para estudar o papel de um elemento no conjunto, o passo clássico do método analítico consiste em fazer variar, experimental ou idealmente, este elemento, permanecendo constantes os demais; ou então em manter constante este elemento enquanto os