É isso aí.
Sussurrou.
- Eu vou ficar bem, não se preocupe. – Um rapaz alto, com cabelos pretos e lisos, cortados na altura dos ombros, entrou pela janela onde estava sentado e parou na sua frente.
- Eu não queria isso, eu juro. – A menina o abraçou forte por algum tempo.
- Você não tem culpa.
Ele se afastou virado de costas e quando estava perto da janela novamente, virou-se para encará-la. Seus olhos estavam sem nenhuma expressão, nem tristeza, nem dor, nada.
- Anthony, o que aconteceu?
- Nada. – Ele subiu novamente na janela. – Você vai ficar bem, nos vemos amanhã.
- Mas Anthony...
- Tudo bem Miriela, eu venho ver você amanhã.
Ele saiu pela janela e ela ficou parada assistindo, enquanto sua silhueta se misturava com a escuridão da noite. Virou-se e observou seu quarto. Estava tudo embalado e haviam algumas caixas empilhadas no canto perto da porta. Do outro lado estava a cama, já desmontada, e no chão, ao lado dela, havia um colchão.
Ela andou até perto das caixas que estavam empilhadas e, de dentro de uma delas, tirou um cachecol de seda, vermelho. Foi até o colchão e deitou-se, abraçando o cachecol. Ela esperava que isso fizesse a noite passar mais rápido, mas infelizmente, de um tempo para cá, as noites estavam intermináveis.
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Ela entrou no quarto número 612 carregando apenas uma mochila – suas malas haviam ficado no primeiro andar para revista –. Desde que chegara pouca coisa realmente aconteceu. Ela só ficou parada durante duas horas ouvindo uma mulher ditar as regras da escola. Todos pareceram indignados com todo aquele monte de não-pode-isso, não-pode-aquilo, porém Muir não ligava muito para isso, só queria ficar em paz, pelo menos por um segundo.
Ficou parada na porta por algum tempo observando. Era um quarto simples, nem muito grande, nem muito pequeno. Havia duas camas, dois criados-mudos, um guarda-roupa, um banheiro e uma escrivaninha. As duas camas estavam posicionadas à frente dela, uma encostada na parede à direita