À margem da imagem
“À margem da imagem” foi lançado em 2003 dentro da mostra competitiva do “É tudo verdade”. Existem duas versões desse documentário: um curta de 15 minutos e um longa de 72 minutos. Foi o primeiro longa-metragem dirigido por Evaldo Mocarzel, formado em Cinema e Jornalismo na Universidade Federal Fluminense, o qual também participou do roteiro juntamente com a filósofa Maria Cecília Loschiavo dos Santos, cujas pesquisas foram a base dessa produção. Ela coordenou o projeto “Aspectos do Design no Habitat Informal das Grandes Cidades” e pesquisou o modo de vida dos moradores de rua das cidades de São Paulo, Los angeles e Tóquio. O presente trabalho analisará a versão de setenta e dois minutos.
O documentário, além de mostrar os moradores de rua na capital paulista, explicita sua própria feitura, incorporando estratégias estéticas auto-reflexivas: “À margem da imagem” se mostra desde o ato de produção, a escolha dos personagens, a negociação para obter as autorizações de uso da imagem, até a exibição e a análise do filme pelos moradores de rua que dele participam.
O documentário se inicia com homens sentados na calçada cantando uma música, junto ao toque do violão de um deles. A câmera os mostra de frente, não dando ar de superioridade e nem de inferioridade, para mostrar que a partir de então seria apresentado a realidade dos moradores de rua e que para isso deve-se ver o mundo do mesmo ângulo de visão deles, o qual está presente em todo o documentário. O local onde estavam é um local público, mas que se tornou privado; tornou-se a moradia das pessoas que estão à margem da sociedade, mesmo morando no centro. Também se começa a retratar por essa cena a ligação de alguns moradores de rua com a bebida alcoólica, no momento em que um deles faz o fundo de uma garrafa pet como seu copo para cachaça. Em seguida aparece a negociação do direito de uso da imagem, com as assinaturas dos moradores de rua que estavam cantando e o