Ócio
5/28/12 10:37 PM
TEXTOS
Crítica do Trabalho
Elogio ao Ócio
Bertrand Russell
Como a maior parte das pessoas de minha geração, eu cresci ouvindo que o ócio é o pai de todos os vícios. Sendo uma criança bastante virtuosa, acreditava em tudo o que me diziam, e minha consciência tem me mantido trabalhando duro até hoje. Mas ainda que a minha consciência tenha controlado as minhas ações, minhas opiniões passaram por uma revolução. Penso que se trabalha demais atualmente, que danos imensos são causados pela crença de que o trabalho é uma virtude, e que nas modernas sociedades industriais devemos defender algo totalmente diferente do que sempre se apregoou. Todos conhecem a estória do viajante que em Nápoles viu doze indigentes deitados ao sol
(isto foi antes de Mussolini), e ofereceu uma lira ao mais preguiçoso. Onze deles se levantaram para reivindicá-la, e então ele a dou para o décimo segundo. Foi uma decisão correta. Mas em países que não gozam do do Mediterrâneo o ócio é mais difícil, e uma grande campanha seria necessária para fazê-lo vingar. Espero que, depois de lerem as próximas páginas, os líderes da YMCA comecem uma façam para convencer jovens de bom caráter a não fazer nada. Se isto acontecer, vinha vida não terá sido em vão. Antes de avançar em minha argumentação a favor da preguiça, devo me desfazer de uma que não posso aceitar. Sempre que uma pessoa que já tem o suficiente para viver dedica-se a um trabalho comum, como dar aulas ou datilografar, dizem-na que esta conduta tira o pão da boca de outras pessoas, e portanto ela é má. Se este argumento fosse válido, seria necessário somento que todos nós não fizéssemos nada para que todas as bocas tivessem pão à disposição. O que pessoas que dizem estas coisas esquecem é que o que um homem ganha ele geralmente gasta, e ao gastar gera empregos. Desde que um homem gaste a sua renda, ele coloca tanto pão na boca das pessoas ao gastar quanto tira ao ganhar. O