ética
Terezinha Azerêdo Rios
O melhor do melhor saber é a descoberta de novas e fascinantes parcelas de ignorância.
Fernando SAVATER
Fazer aula: um desafio
Certa vez, eu fui chamada de “auleira”. Não, não era um elogio. Ao contrário, pretendia ser uma ofensa. Auleiro, para a pessoa que quis me ofender, seria o professor que “só dá aula”. Aquele que não faz pesquisa, que não escreve artigos, que não apresenta trabalhos em eventos científicos, que... é só professor! Embora eu me sentisse mesmo ofendida, procurava retrucar, indagando: como ser chamado de professor sem dar aula?
Num Curso de Atualização para Professores, parte de um projeto do CENAFOR2 de que participei como docente, na década de 1980, o primeiro momento tinha como tema a aula. Começávamos, então, com uma provocação. Apresentávamos uma epígrafe:
– Qual é a sua profissão?
– Eu sou professor.
– Ah! então... o senhor dá aulas!
E seguíamos, procurando descobrir, desvendar, inventar, o que se esconde por trás dessa palavra pequena e desse gesto enorme.
É esse o meu gesto mais freqüente e meu “identificador” profissional: professora, docente. E gosto de fazê-lo e de refletir sobre ele, reflexão que é também parte dele. Por isso, ao falar dele, aqui, quero trazer, para partilhar minha reflexão, alguns autores que têm caminhado pelos terrenos da aula e da ética (e por muitos outros terrenos). É como se eu fizesse feito Chico Buarque e “ajeitasse meu caminho pra encostar no deles”.
Admiro muito aqueles que não recorrem a citações quando produzem um texto. Mas também me sinto enriquecida quando sou remetida, por causa de uma citação, a um bom trabalho, a idéias ainda não conhecidas, ao reforço de uma idéia que já andava explorando. Assim, neste texto, vou abusar um pouquinho das citações, na medida em que, com elas, convido para este espaço tanto os “meus” leitores quanto aqueles de quem venho sendo leitora atenta e “aprendente”3. E vou