Ética
Na passagem que se segue, a parte final do diálogo, Sócrates rejeita a alternativa do exílio, mantendo-se coerente com seu estilo de vida e de filosofar, afirmando que “a vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”.
No Mênon, a questão tratada é a natureza da virtude e se esta pode ser ensinada. Sócrates sustenta que a virtude não pode ser ensinada, consistindo em algo que trazemos já conosco desde o nosso nascimento, que pertence a nossa natureza. Trata-se de uma defesa do inatismo, concepção segundo a qual temos em nós um conhecimento inato, que, entretanto, se encontra obscurecido ou esquecido dede o momento em que a alma se encarnou no corpo. O papel da filosofia é fazer-nos recordar esse conhecimento, o que ficou conhecido como a doutrina platônica da reminiscência, ou lembrança. Na passagem que se segue, Sócrates tenta mostrar a Mênon, incrédulo sobre o inatismo, que até o seu jovem escravo é capaz de, se corretamente interrogado, demonstrar o teorema de Pitágoras (no triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos), mesmo sem jamais ter estudado geometria. A concepção de reminiscência é desenvolvida na discussão sobre a natureza da alma no diálogo Fedro.
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N a República, Platão formula seu modelo ideal de cidade, a cidade justa, que serve de contraste para a cidade concreta, Atenas, cujo sistema político é injusto, corrupto e decadente. Para definir o que é a cidade justa, Platão começa a examinar o que é a justiça, o que o leva a investigar o conhecimento da justiça e, por fim, o próprio conhecimento. A Alegoria, ou Mito, da Caverna, que se encontra no início do livro VII deste diálogo consiste precisamente em uma imagem construída por Sócrates para explicar a seu interlocutor, Glauco, o processo pelo qual o indivíduo passa ao se afastar do mundo do senso comum e da opinião em busca do saber e da visão do Bem e da Verdade. É este precisamente o percurso