ética
Maria do Carmo Demasi Wanssa
Resumo O estudo discute os princípios da autonomia e da beneficência. Estabelece relação entre os dois conceitos mediante levantamento bibliográfico, cuja proposta é pontuar a evolução histórica da ética médica, da era hipocrática aos dias atuais. Diante das novas perspectivas éticas, bioéticas e morais surgidas na contemporaneidade, a discussão aponta que o modelo de decisão médica baseado no respeito à autonomia parece ser o ideal, apesar de sua difícil articulação com os parâmetros clássicos que orientam a relação médico-paciente, como ressalta a literatura nacional e internacional. Conclui considerando que se vive uma situação de transição paradigmática, na qual o modelo vigente vem deixando de fornecer respostas efetivas e seu substituto ainda não está totalmente estabelecido, sugerindo a adoção de estratégias para fomentar a discussão dentro dos órgãos de formação médica, primando pela autonomia do paciente.
Palavras-chave: Bioética. Autonomia profissional. Autonomia pessoal. Paternalismo.
Maria do Carmo Demasi
Wanssa
Médica clínica geral, doutoranda pelo Programa Luso-brasileiro de
Doutorado em Bioética da
Faculdade de Medicina da
Universidade do Porto-FMUP/CFM,
Brasil, corregedora do Conselho
Regional de Medicina do Estado de Rondônia, Porto Velho, Brasil
O princípio da beneficência, associado ao da não maleficência, orientou a prática médica ao longo de dois mil e quinhentos anos. Desde seus primórdios, a relação médico-paciente teve como referência o juramento hipocrático, por meio do qual o médico estabelecia o compromisso de usar a medicina em benefício dos pacientes, dentre outras obrigações. Ao longo dos séculos, a aplicação desses princípios no cotidiano da prática profissional revestiu-se, muitas vezes, de paternalismo, dada a incontestável diferença de conhecimento sobre diagnóstico, tratamento e cura entre o médico e o paciente. A incorporação da