ética
Uma das características centrais da modernidade é a crença de que o Homem é, por seu raciocínio, capaz de chegar a proposições éticas válidas. Ele é melhor árbitro de sua vida do que quaisquer outras pessoas ou instituições. Não deve se submeter a nada que não seja sua convicção.
Esta ideia é fundada na liberdade de consciência. Ela consiste não apenas em pensar qualquer coisa sem coação – mesmo porque os pensamentos são livres, até um ser humano vivendo sob opressão constante pode, a princípio, pensar o que quiser.
Seu núcleo é a possibilidade de o homem reger sua conduta apenas segundo a sua convicção, segundo as regras que ele próprio definiu para si como valiosas e corretas.
Para entender o ineditismo desta concepção de liberdade, é necessário contrastá-la com as anteriores, a saber, a liberdade como status, dos antigos, e a liberdade como livre arbítrio, dos medievos. Em seguida, procede-se a uma breve notícia histórica da ideia de consciência; após, à noção de liberdade dela derivada e ao problema que ela traz; finalmente, ao estudo de uma solução proposta pela filosofia moral a este problema.
2. Contraste com concepções anteriores
Os gregos não possuíam nem mesmo a palavra liberdade. O termo equivalente no seu idioma, eleutería, indicava pertença ao grupo social e ausência de submissão a outrem. [01] Livres eram os homens da polis que não eram escravos e partilhavam o poder, deliberando sobre os assuntos públicos. Entretanto, a eleutería não era ligada à vontade. Os homens eléuteros(livres) não eram identificados como tais por agirem segundo atos voluntários, mas sim porque ocupavam um certo status, um certo lugar
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Mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela Faculdade de Direito da USP. Assessor jurídico do
Ministério Público Federal. Texto Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2014
na comunidade que os definia como tais. Seriam esperados os mesmos atos de
qualquer