Ética
Jornalista ▶ jbmjor@yahoo.com.br
O mineiro Francisco Clementino de San Tiago Dantas, cujo nome tem a sonoridade de um verso alexandrino, foi quem melhor definiu a gente brasileira: o povo é bom, mas as elites são ruins. Dizia com experiência de homem público e intelectual respeitado. Integralista na juventude e esquerdista na maturidade, San Tiago foi deputado federal (PTB-MG), embaixador na ONU, ministro da Fazenda e das Relações Exteriores, além de um dos formuladores da Política Externa Independente nos governos Jânio Quadros e João Goulart. Foi boicotado pelos conservadores quando seu nome esteve cogitado para primeiro-ministro durante o regime parlamentarista, de vigência efêmera.
Seus embates contundentes com Carlos Lacerda na Câmara Federal estão nos anais daquela Casa legislativa. Carlos, orador empolgante, o esgrimista da palavra fácil. San Tiago, racional e fleumático. Ambos tiveram trajetórias políticas opostas: Lacerda comunista na juventude e direitista na fase adulta, ao contrário de San Tiago Dantas. Morreu de câncer no cérebro aos 50 e poucos anos, quando poderia ter prestado relevantes serviços ao país se a morte não o tivesse tragado tão cedo, na plenitude de sua capacidade produtiva. Naquela época, o parlamento nacional contava em seus quadros notáveis figuras, tanto na oposição quanto no governo.
Este nariz de cera até agora escrito foi apenas para lembrar o autor da frase citada acima que cai como uma luva nessa fase de prostituição na vida pública, principalmente pelo envolvimento das elites no açodamento da corrupção virótica no país.
Enquanto isso, o povo, representado pelo casal morador de rua, Rejaniel dos Santos e Sandra Domingues, devolveu ao dono de um restaurante mais de R$ 20 mil achados na via pública, fruto de um assalto mal sucedido, que poderia ter resolvido o problema de quem não tem casa pra morar e sem perspectiva de uma vida melhor, num Brasil repleto de desigualdades sociais.
O Brasil limpo é