Ética e moral

Pressupostos e ética no trabalho com a filosofia1

Neste artigo partimos de perspectivas que dominam o ambiente do ensino de filosofia no ensino médio. Preocupam-nos os limites estritos cumpridos pela grande maioria dos professores quando ensinam filosofia. Por isso, é com reserva que lidamos com o conceito de ensino. Acreditamos que a tentativa de buscar uma renovação na aprendizagem do pensamento, que veremos tratar-se de “criação”, passa por um entendimento acurado do que possa ser “trabalhar com a filosofia”. Se abrimos mão de permanecer somente nos problemas que circundam o conceito de ensino, fica justificada nossa decisão de não tratar aqui de questões como didática, metodologias e currículo. Sem dúvida que elas são imprescindíveis às discussões sobre ensino em geral, mas aqui não nos ajudariam a desenvolver o conceito de “trabalho filosófico” e os modos de aprendizagem que se abrem através dele. Sugerimos que a construção de pressupostos seja uma propedêutica necessária ao começo do trabalho com a filosofia. Veremos que no centro deste objetivo, realizado de forma conjunta entre professor e alunos, situa-se um avanço ético que provém exatamente das condições epistemológicas sugeridas pelo fazer filosofia. O que precisamos de imediato pressupor, a partir da tríade “pensamento, conceito e criação”, é 1) que o pensamento não pode estar limitado à imagem que ele cria a partir da generalização, da referência e do juízo, e pacificar-se com a ilusão; 2) que o conceito transformou-se numa mercadoria, um serviço eficiente da comunicação, do marketing e do cibertexto (DELEUZE, 1992, p. 19); 3) que a criação deve responder por uma necessidade. Pensamento, conceito e criação devem nos mostrar que um problema filosófico relevante é já pressupor o que seja trabalhar ou fazer filosofia, porquanto os maiores dilemas sobre como fazer isto e produzir pensamento exigem uma clareza acerca de “o que faz o pensamento quando pensa?”, “qual o papel do conceito no seio do