Ética protestante
Problema: como foi possível a emergência, na Europa moderna, de um sistema social conhecido como capitalismo? Antes de abordar a natureza deste problema, ele apresenta-nos uma série de outras manifestações sociais, por exemplo, a ciência, a música, as artes, a democracia, que também encontraram no ocidente o seu pleno exercício e a sua maturação. Tais exemplos servem para habituar o nosso espírito à ideia de uma superioridade natural da civilização europeia - a Europa seria o cadinho onde as expressões da cultura humana conheceriam o acabamento e a perfeição. (Etnocentrismo do autor? - trataremos depois desta questão)
De saída, o impulso para o proveito, a avareza, a ambição, enfim, os aspectos volitivos são dissociados na génese do capitalismo. Nesta génese existiria uma outra atitude mais racional chamada de rentabilidade: uma ação propriamente capitalista onde o lucro resulta de um planeamento organizado do fluxo de bens - o valor auferido sendo permanentemente (por definição) superior aos custos de operação.
Nesta diferença de valores constituíra-se, por acúmulo, o capital. Na relação desta característica com outra “sui generis” e típica da história do ocidente, a saber, o trabalhador livre, nasce uma nova configuração social orientada para um mercado real e reciclável (o trabalhador consume parte dos bens produzidos); com esta articulação entre trabalho organizado e autoconsumo a sociedade capitalista liberta-se das condições políticas e especulativas do mercantilismo primitivo e impulsiona-se como um “moto-continum”.
Outros factores importantes na génese do capitalismo teria sido a separação da empresa da economia doméstica - o oikos - e o surgimento de uma ciência contábil. O autor, ainda nesta introdução, desqualifica criticamente todas as variações de um capitalismo virtual em épocas anteriores (mercantilismo, modo de produção asiático...) como formas espúrias do seu objecto consolidado : o sóbrio capitalismo