Ética na formação militar
CMG(T) Erica Barreto Nobre
“A profissão militar – a melhor de todas – é a incorporação dos valores que estão mais ausentes na sociedade atual – honestidade, lealdade, dever, sacrifício próprio e renúncia aos interesses próprios pelo bem comum.” Samuel B. Huntington
APRESENTAÇÃO
Ao exaltar as qualidades de um militar que desembarcava da Escola Naval, depois de aqui bem cumprir sua missão, o oficial encarregado de homenageá-lo encerrou seu discurso afirmando que o referido militar era, em síntese, a própria “Rosa das Virtudes”. A solene afirmação estimulou, na autora, algumas reflexões sobre os objetivos que devem ser visados pelas academias militares no que diz respeito à formação ética para a profissão militar. Ao pensar no militar que naquele dia se despedia da Escola, vem a lembrança de seu semblante sempre sério e duro, bem como de sua notória competência e integridade. Ele parecia a fria encarnação da “letra da lei”. Seria, então, apenas esse o objetivo da formação ética militar - enfeixar o caráter marinheiro por meio da forja dos dezesseis rumos da “Rosas das Virtudes” -, ou seria esta uma tarefa ainda mais complexa e, portanto, mais difícil? Que nível de consciência ética seria compatível com o exercício pleno da profissão militar? Que tipo de educação ética engendraria verdadeiros líderes militares, íntegros, exigentes e, também, justos, sábios e humanos?
INTRODUÇÃO
A moralidade tem sido estudada por psicólogos sob os enfoques afetivo (Psicanálise), comportamental (Behaviorismo) e cognitivista. Em relação a este último ponto de vista, que será adotado como fundamentação teórica da presente análise, destaca-se a contribuição de Jean Piaget (1896-1980), que foi retomada e ampliada pelo psicólogo americano Lawrence Kohlberg (1927-1987).