Época Moderna e Contemporânea

Época Moderna e Contemporânea

Na época moderna e contemporânea, todo o serviço de assistência tinha por base uma avaliação dos indivíduos, que surgia, por um lado, como consequência da própria especialização das instituições, e, por outro lado, como resultado de uma oferta de recursos inferior à sua procura. Sendo assim, a grande maioria das instituições de assistência escolhia os assistidos consoante critérios adequados aos serviços proporcionados, baseados em valores de ordem económica, moral, religiosa ou étnica, em que a assistência embora regida por princípios religiosos, manifestava uma tradição laica, através da criação de confrarias. As instituições eclesiásticas portuguesas foram muito importantes, pois eram responsáveis pela criação e gestão de serviços de assistência. Entre os princípios religiosos que norteavam a assistência, temos como dado fundamental a crença na vida eterna da alma, para cuja salvação era necessária dar esmolas aos pobres em vida ou concerder-lhes parte dos bens deixados em testamento, os bens de alma. No período moderno, a caridade em Portugal organizava-se localmente e dependia economicamente das doações de particulares. No entanto, a preocupação com a salvação da alma não revertia unicamente a favor dos pobres. Do dinheiro que os defuntos deixavam em prol da sua alma, apenas uma parte variável (minoritária), se destinava à assistência. A visão do pobre como objeto de caridade , que o situava no percurso da salvação dos menos pobres, tinha a ver com a doutrina cristã, que olhava o sucesso material com desconfiança e colocava o pobre como objeto preferencial de santidade. A visão de que os pobres representavam um poço de vícios e de enganos, e de que nem todos o eram verdadeiramente tornou-se frequente ao longo do século XIV, auxiliando na reorganização da assistência. Por detrás dessa reorganização esteve um agravamento generalizado do pauperismo que exerceu uma pressão crescente sobre os recursos da caridade e