Átomos
Aécio Pereira Chagas
O panorama científico com relação à realidade molecular volta-se definitivamente em favor da mesma a partir da publicação do livro Les
Atomes, 1 de Jean Perrin (1870-1942) em 1913.
Vamos mostrar, de forma sumária, o desenvolvimento da Teoria
Atômico-molecular a partir do início do século XIX até os anos que antecedem a publicação do livro de Perrin, sobre o qual iremos nos deter com mais atenção 2.
Inicialmente é interessante considerarmos o que se entende por uma “boa teoria”. Uma “boa teoria”, dentre outras características, precisa explicar os fenômenos de seu âmbito, ser funcional (apresentando inclusive coerência interna) e propor problemas, como, por exemplo, a previsão de novos fenômenos. Ao longo do texto faremos referências sobre essas características de uma “boa teoria”. 3
A crença na existência de átomos, partículas últimas da matéria, existiu desde Antiguidade. Durante a Idade Média europeia ela esteve meio esquecida, voltando depois com o Renascimento. Com R. Descartes
(1596-1650), R. Boyle (1697-1691), I. Newton (1642-1727) e outros foi retomada novamente, recebendo inclusive certos refinamentos como na abordagem de R. Boscovich (1711-1787). Podemos dizer que estas visões não eram “boas teorias” por não proporem problemas que pudessem ser resolvidos com o auxílio da mesma.
No início do século XIX, J. Dalton (1766-1844) apresenta novas ideias sobre os átomos, dentre outras a do “peso atômico”, ou seja, os
O workshop “Existem átomos? Abordando Jean Perrin” foi apresentado na II Jornada de História da Ciência e Ensino, realizado de 23 a 25 de julho de 2009.
1
J. Perrin, Les Atomes (Paris: Flammarion, 1991).
2
M. C. M. Oki, “Controvérsias sobre o atomismo no século XIX,” Química Nova 32 (2009): 1072 ; e
B. Bensaude-Vincent & I. Stengers, História da Química (Lisboa: Instituto Piaget, 1996).
3
A. P. Chagas, “Os históricos e filosóficos da Química e as teorias