Álbum de familia

Extremamente ousada para a época, a peça de Nelson Rodrigues, Álbum de família foi a que passou mais tempo impedida pela censura. Uma tragédia familiar, com elementos polêmicos, foi escrita em 1945, mas só estreou em 1967, 22 anos depois.
O cotidiano de uma família aparentemente comum, formada pelo casal, os quatros filhos e a tia solteirona. Nela, Nelson acaba com a imagem normal da tradicional família feliz mostrando o incesto, grande tabu da humanidade, junto da traição, morte, e loucura. O que lhe trouxe várias criticas e a posição de ‘’autor maldito’’ no cenário dramático nacional da época. Os censores do governo Dutra proibiram a peça em todo o país sob a alegação de que pregava o incesto e incentivava o crime.
O tema se aloja em um dos maiores tabus sociais, o incesto em todas as direções, entre irmãos, mãe e filho, pai e filha. A peça coloca um dos valores mais cultuados na sociedade brasileira, a moral familiar questionando padrões de ética e moral principalmente no Brasil desse período com as críticas de comportamento e preconceito social, o autor buscou os tipos populares brasileiros, mostrando a partir deles o funcionamento do país. Sexualidade reprimida e a proximidade do cidadão das classes superiores a inferiores, os valores familiares, principalmente a fidelidade conjugal, são ligados a moral católica que vem de moldes das famílias dos países europeus. Mas após grandes mudanças geradas pelas guerras a liberdade de costumes ganhou espaço; e esse novo padrão não agradou a todos, principalmente quando se fala de sexualidade.
Na época que a peça foi escrita, o modo de viver americano, ainda assustava a estrutura da família brasileira patriarcal. A liberdade sexual era direito muito distante e a infidelidade conjugal por parte dos homens aceita socialmente, mas a feminina é completamente rejeitada. A peça abala toda a forma que é colocada na época de valores da sociedade familiar brasileira. O abalo familiar ao extremo e com os desejos