Montesquieu: a centralidade da moderação na política Montesquieu foi um aristocrata da província, da estirpe de seu conterrâneo Michel de Montaigne, humanista e cético juntou a essa herança espiritual o atomismo característico do século XVIII e acreditou firmimente na possibilidade de soluções para os problemas da vida pública, embora tenha tido formação iluminista com padres oratorianos, cedo se mostrou um crítico severo e irônico da monarquia absolutista bem como o clero. Era um pensador autônomo em matéria religiosa e inegável apreciador dos prazeres da vida, apresentou essas características no seu primeiro livro Cartas Persas em 1721, cartas imaginárias de um persa que teria visitado a França e estranhado os costumes e instituições vigentes. Esse intelectual representante da nobreza também sofreu influencia de Vico, Maquiavel, Hobbes, Locke e destacou-se, sobretudo por tentar levar em conta nas suas formulações outros elementos constituintes da organização política, tais como a dimensão e a extensão dos estados. Conforme observou (Albuquerque, 2003 p.113), a obra de Montesquieu revela uma conjunção paradoxal entre o novo e o tradicional, ora aparecendo como o pai da sociologia, ora como inspirador do determinismo geográfico, e quase sempre como aquele que, na ciência política, desenvolveu a teoria dos três poderes, que ainda hoje permanece como uma das condições de funcionamento de Estado de Direito. A velha lição de Montesquieu sobre o argumento liberal é que não basta decidir sobre a base social do poder – é igualmente importante determinar a forma de governo e garantir que o poder, mesmo legítimo em sua origem social, não se torne ilegítimo pelo eventual arbítrio do seu uso. Esse mundo liberal é uma ordem monocrática – uma sociedade colocada sob o império da lei, onde todo poder possa ser experimentado como autoridade e não como violência. Sua trajetória intelectual sempre teve em destaque, sua famosa obra Do Espírito das Leis, a problemática