África - o continente desconhecido
A poucos meses de sediar sua primeira Copa do Mundo Futebol a África passou por um momento de apreensão. Em janeiro a seleção de Togo seguia de ônibus até a província de Cabinda em Angola, onde disputaria a Copa Africana de Nações. Mas a viagem foi interrompida por uma desistência da Forças de Libertação do estado de Cabinda (Flec), que metralhou o ônibus, matando três pessoas da delegação e deixando jogadores feridos.
O episódio serviu para chamar atenção para a causa separatista de Cabinda e frustrou as pretensões do governo angolano de projetar ao mundo a imagem de uma nação plenamente pacificada, após décadas de guerra civil (1975-2002), no auge de um forte ciclo de desenvolvimento econômico.
Na realidade, o país continua refém de varias contradições. Angola é o maior produtor de petróleo do continente, mas a riqueza gerada por sua exploração fica nas mãos de uma pequena elite e de empresas estrangeiras, enquanto boa parte da população vive na pobreza. Mesmo não representando uma ameaça significativa à estabilidade angolana, o movimento pela independência de Cabinda reflete a insatisfação com a forte desigualdade social. Rica em petróleo, a província foi anexada à revelia de sua população em 1975 e não recebe os recursos esperados pelos moradores para o desenvolvimento da região.
A Partilha da África
Se o episódio de Cabinda lançou uma sombra sobre a copa da África do Sul, é porque as tensões internas e os conflitos marcam o passado e o presente de diversos países africanos. Os problemas que afligem Angola, de certo modo, se reproduzem em boa parte do continente e são resultado das mal resolvidas contendas políticas, econômicas e sociais herdadas do período colonial.
Desde o século XV, a África é subjugada pelos europeus. Por quase quatro séculos, Portugal, Espanha e Inglaterra levaram para o