V Império
“Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz -
Ter por vida sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?”
Pré leitura
“O Império Espiritual” de Fernando Pessoa. Fernando Pessoa entende que Portugal possui o tamanho ideal para perseguir a construção de um Império Espiritual. Considera também que o seu domínio nunca será associado a intenções de expansão territorial. Esta tentativa de construção de um Império Espiritual já foi tentada na época dos Descobrimentos e falhada. Sem capacidades de afirmação de um Imperialismo de Matéria mas enquanto país formado por almas de generais do Espírito, Portugal conseguirá impor uma civilização espiritual própria.
Enquadramento do poema na obra:
A “Mensagem” de Fernando Pessoa é constituída por 3 partes, sendo elas, o “Brasão”, o “Mar Português” e “O Encoberto”. Dentro destas 3 partes, podemos verificar que a primeira parte, o “Brasão” este dividido em 5 partes, “Os campos”, “Os Castelos”, “Quinas”, “A Coroa” e “O Timbre”, a segunda parte, “Mar Português” está dividida em 12 partes e a terceira parte, “O Encoberto” divide-se em 3 partes, que são: “Os Símbolos” que se divide em 5 poemas: a) D. Sebastião b) O Quinto Império c) O Desejado d) As Ilhas Afortunadas e) O Encoberto
“Os Avisos” que se divide em 3 poemas: a) O Bandarra b)