RESENHA - A Loucura – Roland Jaccard

RESENHA

A Loucura – Roland Jaccard

Desde os primórdios da civilização humana, a sociedade molda as normas do comportamento humano e determina o conceito de loucura.Esta questão suscita questões psiquiátricas, sociológicas, filosóficas e políticas.
Os loucos, antes associados à possessão demoníaca, eram queimados na fogueira da Inquisição e suas condutas associadas a uma força espiritual maior. Ampliava-se a superstição de que a doença psíquica representava manifestação da ira divina.
Em meados do século XVII, com a construção de grandes casas de internamento na Europa, os loucos, tratados como criminosos e miseráveis, foram retirados de circulação, acusados por perturbar a razão e a moral da sociedade da época. Nas palavras de Michel Foucault: “O mundo da loucura transformou-se no mundo da exclusão.”
No século XIX os psiquiatras começam a buscar explicações para as desordens do comportamento, da afetividade e do pensamento e numa visão reducionista, passam a atribuir os problemas psíquicos a questões físicas, exclusivamente.
O médico Philippe Pinel, influenciado pelas ideias humanistas da Revolução Francesa e impressionado pelas condições sub-humanas dos doentes, fez com que muitos asilados fossem libertados. O trabalho de Pinel teve larga repercussão e influenciou muitos em diversos países, mas foi somente com a Psicanálise que o louco atingiu sua especificidade enquanto objeto de estudo e passou a receber maior atenção por parte da medicina.
Ainda nos dias de hoje a loucura é interpretada como um comportamento desviante do que consideramos “normal”. Retirar o louco do asilo e restabelecer seu convívio na sociedade é uma necessidade. O terapeuta deve compreender a influência da cultura sobre a subjetividade de cada indivíduo, tendo em vista que esse fundamento é básico para o desenvolvimento de uma terapia com resultados efetivos.