Poder político e violência: um mecanismo inevitável

Poder político e violência: um mecanismo inevitável
Nos últimos tempos muito se tem falado do que é a atualidade na Península da Crimeia (Ucrânia), fala-se da sua importância geográfico-estratégica para a Rússia, uma vez que a Crimeia é efetivamente a única “porta” que a Rússia tem para “águas quentes”, revelando-se um ponto fundamental no que são as suas trocas comerciais e movimentações militares. Porventura o mediatismo em torno da questão tem descuidado, a meu entender, um ponto importante de análise, ou seja, pouco se tem refletido sobre o porquê dos 93% de habitantes da Crimeia terem manifestado, em referendo, vontade em anexarem-se à Rússia.
Nesse sentido comecemos por entender que o poder politico/estado só o é efetivamente porque se encontra dotado, na sua base, de legalidade (direito) e aceitação (legitimidade), o mesmo é dizer, um estado para o ser apoia-se no direito que faz com que seja temido e assim respeitado, uma vez que tem poder de punir, e na aceitação, que funciona como um contrato social estabelecido entre o sociedade e o estado, através do qual o estado é reconhecido e identificativo da massa social. Porém para que o poder politico possa operacionalizar os dois pilares supra referidos, depende em larga escala do papel eficaz da violência, quando falamos de legalidade e da propaganda dos média no que respeito diz à aceitação.
Bem, após todo este enquadramento poderíamos enveredar neste momento por diversos caminhos de reflexão desde o papel preponderante dos média até ao papel da sociedade, porém oportuno será focar atenções no papel da violência como mecanismo de criação do poder político e relaciona-lo com o que foi o resultado do referendo na Crimeia. Ainda que pareça paradoxal tal relação, veremos que a mesma se encontra completa de sentido e oportunismo.
Na verdade, podemos observar a violência de duas formas, por um lado como um meio para alcançar um fim e por outro como um fim em si mesmo, isto é, a violência pode ser empregada