O “fantasiar” da atividade artística sob a luz da Psicologia Analítica
Ingrid Lima Ribeiro (2009)
No que se refere ao processo criativo presente na atividade artística, Jung considera a presença de um complexo autônomo ou complexo criativo, conforme a seguinte citação: “Quero lembrar que denominei a obra in statu nascendi como um complexo autônomo. [...] O complexo autônomo é resguardado: não pode ser submetido ao controle consciente, nem à inibição e nem a uma reprodução arbitrária.” (1991, p.67, §122)
Diante destas afirmações, surgem as seguintes questões: Qual é o papel ativo do artista no “fantasiar” da produção artística? Ele cria suas obras de arte quando intenciona e da forma que quer? O presente artigo, fruto dos estudos realizados na disciplina de Pesquisa do curso de graduação em Psicologia da Universidade
Federal do Ceará, tem como objetivo apresentar a concepção junguiana acerca da atividade imaginativa presente no processo de criação artística. Conceitos trazidos por Jung, tais como atividade imaginativa, fantasma, fantasia ativa e passiva, complexo criativo e função transcendente auxiliarão na compreensão do assunto, mostrando-nos como o complexo criativo manifesta-se, resultando na produção da obra de arte.
Jung, que considera a fantasia como a principal característica da atividade artística do espírito, a entende de duas formas distintas: como atividade imaginativa e como fantasma. A atividade imaginativa é a atividade criativa do espírito propriamente dita. É a expressão da energia psíquica, que só aparece na consciência na forma de imagens ou conteúdos. A atividade psíquica como um todo se dá por meio da atividade de imaginar. Toda atividade da vida psíquica, como sentir, pensar, sensualizar e intuir são atividades imaginativas.
Já o fantasma é o conteúdo dessa atividade imaginativa, consistindo em um complexo de representações que não correspondem necessariamente a uma situação da realidade externa. É resultado da