O ócio em Os Maias
Os Maias, obra mais reconhecida de Eça de Queirós, passa-se em Lisboa na segunda metade do século XIX e relata os episódios da vida romântica lisboeta, fazendo deste livro uma crónica de costumes.
Esta obra aborda vários temas, os quais todos de grande importância para a compreensão da obra, mas neste trabalho iremos apenas centrarmo-nos no tema do ócio.
O ócio é um tema bastante recorrente na obra, uma vez que este é uma das mais importantes características da sociedade que nos é apresentada.
A ociosidade é-nos exposta através de uma crítica de costumes que nos mostra um país, mas mais do que um país, Lisboa. A acção centra-se assim, nessa cidade e tal como Ega disse “Lisboa é Portugal (…) Fora de Lisboa não há nada.”). Contudo, esta Lisboa mostra-se incapaz de se regenerar, uma vez que se caracterizava pela indolência, ignorância, apatia, decadência e degradação moral que posteriormente transmitiu ao conjunto de personagens que envolvem este romance, sendo elas também afectadas por tais características (“ (…) observou Ega- esta nossa vidinha de Lisboa, simples, pacata, corredia, é infinitamente preferível.”).
Ao longo da obra várias personagens “espelham” o espírito ocioso que se vivia em Lisboa, sendo assim, muitas delas, afastadas da sua vida profissional e atraídas para uma grande dispersão de actividades de carácter lúdico e boémio.
Carlos é talvez o maior exemplo do que acabamos de referir, uma vez que este quando chega a Lisboa pretende alterar o meio que o
envolve com os seus variados projectos (abrir um consultório para exercer medicina e publicar um livro), mas rapidamente se deixa influenciar pelo meio que o rodeia entregando-se à inutilidade e ociosidade que caracterizavam a vida social, económica e cultural da época.
E, foi este meio estagnado e pouco dinâmico que o influenciou: (“E Carlos- exactamente como o criado que, na ociosidade da antecâmara, dormitava sob o Diário de Noticias, acaçapado na banqueta-