O vermelho e o negro
Julien Sorel é o anti-herói romântico por excelência. Carente de recursos, sua ambição o leva a encarar duas carreiras como possibilidade de alcançar o sucesso - a eclesiástica e a das armas. Sua trajetória constrói-se entre o vermelho e o negro. Envolve-se com duas mulheres - Madame Renal e Mathilde de la Mole.
Filho de um humilde carpinteiro,Julien Sorel sonha com uma vida intensa e gloriosa. Sua desmedida ambição o leva a conviver com a burguesia provinciana e com a aristocracia parisiense. Ainda assim Julien continua a ser um pobre no mundo dos ricos. A partir desses elementos, Stendhal criou um magistral romance psicológico, considerado o mais significativo da literatura francesa do século XIX.
Alguns comentários iniciais sobre o 'O Vermelho e o Negro'.
a] As intenções de Stendhal.
As sucessivas revoluções [Revolução Francesa, Consulado, Império Napoleônico e a Restauração] provocaram, ], num curto espaço de tempo, profundas transformações nos costumes e hábitos do povo francês. A imagem que a literatura produzia da França, contudo, estava defasada, segundo Stendhal.
'A França moral é ignorada no estrangeiro, eis por que, antes de tratar do romance do senhor de S[tendhal], foi preciso declarar que nada se assemelha menos à França alegre, divertida, um pouco libertina, que de 1715 a 1789 constituiu o modelo da Europa, do que a França grave, moral, triste , que nos legaram os jesuítas, as congregações e o governos dos Bourbons de 1814 a 1830'[1958:318]
Para Nobert Elias 'a especial sensibilidade dos escritores permitiu-lhes, como uma espécie de vanguarda da sociedade, perceber e expressar mudanças que estavam ocorrendo no campo mais amplo das sociedades em que viviam' [1994:87]. O que Stendhal se propôs foi traçar uma imagem fiel dos costumes das cidades e da província francesa e da relação entre indivíduo e sociedade. Para Stendhal sua caneta funcionava como um espelho: deveria refletir com precisão sua época. Buscava a objetividade.