o vale da morte
Os combates mais violentos do Afeganistão ocorrem na fronteira com o Paquistão. Para conter o avanço do Talibã nesses países, o governo americano tem uma nova estratégia
Diogo Schelp
Fotos de Adam Dean
ROTINA DE GUERRA
Soldados americanos da base de Restrepo disparam morteiro de 120 milímetros. À noite, descansam à beira da fogueira (no detalhe)
No Korengal, um vale com apenas 10 quilômetros de extensão próximo à fronteira paquistanesa, ocorrem as batalhas mais violentas de uma guerra que, quase oito anos depois de seu início, ainda precisa ser vencida. O fotógrafo inglês Adam Dean acompanhou, com exclusividade para VEJA, o cotidiano das tropas americanas nessa região montanhosa do Afeganistão. A companhia militar à qual ele se juntou era atacada diariamente por combatentes talibãs e por jihadistas estrangeiros recrutados pela Al Qaeda. Três quartos de todas as bombas despejadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no país são reservados para o Korengal e arredores. A relevância estratégica das áreas de fronteira com o Paquistão explica a decisão de enviar para lá a maior parte do reforço militar aprovado pelo presidente Barack Obama em fevereiro. Até o começo do segundo semestre, quando é verão no Hemisfério Norte e os combates se intensificam, estarão no Afeganistão mais 20 000 soldados americanos. As forças internacionais no Afeganistão somam 75 000 homens e mulheres de 42 países, a metade dos soldados estacionada no Iraque. Com o aumento de contingente, o governo americano quer impedir que a guerra se alastre para o Paquistão, causando um desastre geopolítico. Mais soldados no terreno também reduzem a necessidade de recorrer a bombardeios aéreos. Na segunda-feira da semana passada, por exemplo, as bombas americanas mataram uma centena de civis em um ataque contra o Talibã no oeste do Afeganistão. Dois dias depois, em um encontro em Washington com os presidentes do Paquistão, Asif Ali Zardari, e do Afeganistão,