O uso do crack
Para muito além das vielas do Centro Histórico de Salvador – que apesar de ainda levar a fama de reduto da droga, já não é o único lugar a abrigar seus usuários – o crack deixou de ser consumido apenas por moradores de rua e pessoas de baixa renda. Seguindo uma tendência nacional, a droga deixa de ser marginalizada e quase exclusiva entre pessoas de renda mais baixa e passa a migrar das ruas para os lares de famílias mais endinheiradas, criando um perfil de usuários cada vez mais jovens e abastados.
Apesar da falta de pesquisas estaduais que deem um panorama sobre o problema na Bahia, essa realidade é observada nas clínicas particulares de reabilitação. A diretora da clínica Rosa dos Ventos, Helena Cidreira, explica que a presença de número de pessoas de classe A e B tem crescido muito na unidade.
“O número de casos tem aumentado consideravelmente. Observamos que o uso de crack agora é comum entre pessoas com formação superior, bem instruídas, empresários, intelectuais e, na maioria das vezes, com família estruturada e carinhosa. Nesses casos, o tratamento acaba sendo mais difícil porque a família, muitas vezes não reconhece que aquilo não é uma fase, um momento difícil, e sim uma dependência química, que necessita de tratamento especializado”, explicou a diretora.
A diretora relatou que, entre os seus ‘hóspedes’ como são chamados os pacientes da clínica, já contou, entre outras profissões, com empresários e até professores que buscaram o local para tratamento de dependência. “Já tivemos aqui uma empresária, com filhos, inclusive, que ficou desaparecida por alguns dias da família e foi encontrada rondando o Centro Histórico. Também um professor de história, dependente de crack, que durante o tempo em que permaneceu aqui dava aulas para outros pacientes e para os funcionários”, contou.
De acordo com um levantamento realizado há dois anos pela Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas, 40%