O uso do crack: um problema social restrito às metrópoles?

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Os primeiros relatos sobre o consumo de crack no Brasil surgiram em 1989, entre crianças que viviam nas ruas do centro de São Paulo, um ano antes da primeira apreensão da droga feita pela polícia na cidade. Feito do cozimento da cocaína com bicarbonato de sódio, potente, barato, famoso pela fissura que causa nos viciados, sempre em busca da próxima dose, 20 anos depois do começo da epidemia em São Paulo o crack migrou para os demais Estados e o mercado da droga se consolidou em todo o País.

A droga já teve o uso identificado entre consumidores das 27 capitais brasileiras, principalmente jovens e pobres, conforme pesquisas do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). Em São Paulo, Rio, Porto Alegre e Salvador, 39% dos pacientes que procuraram os principais centros de tratamento ambulatorial e hospitalar tinham problemas com crack, duas vezes mais do que os pacientes viciados em cocaína, segundo o Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

No Rio, onde o Comando Vermelho proibiu que o crack fosse comercializado na década de 1990, a droga chegou com força há cinco anos.

No Estado de São Paulo, a apreensão de crack pela polícia bateu recorde neste ano, alcançando até setembro 731 quilos, 10% mais do que o total de todo o ano passado. No mesmo período, diminuiu a quantidade de maconha e cocaína apreendida. Para piorar, o problema migrou para municípios paulistas de pequeno e médio porte, alcançando trabalhadores rurais das plantações de cana-de-açúcar.

Em São José do Rio Preto, cidade de 450 mil habitantes do interior do Estado, há pelo menos 1.200 viciados em crack sendo acompanhados pelo programa de redução de danos à hepatite e HIV.

A gravidade do crescimento da comercialização do crack foi um dos principais pontos de discussão do encontro de colegiado dos coordenadores de saúde mental ligados ao Ministério da Saúde, ocorrido em novembro. De Dourados, em Mato Grosso do Sul, veio o

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