O uso da LIBRAS no ensino de leitura de Português como segunda língua para Surdos: um estudo de caso em uma perspectiva bilíngüe.
Vale lembrar que a educação de Surdos nos últimos 30 anos tem sido objeto de diversas pesquisas. Muitas delas estudam a Língua de Sinais como língua materna dos surdos, uma língua completa, de modalidade diferente da oral auditiva. Outros se detiveram em representações epistemológicas a partir da surdez. Entretanto, apesar de todas as discussões a respeito do ensino-aprendizagem de crianças Surdas, a maioria das práticas educacionais ainda centra seus esforços na fala da criança Surda, como condição para a construção do conhecimento de mundo e apropriação da leitura e da escrita. Dentre os pesquisadores que fizeram importantes registros em relação à surdez no Brasil, é possível citar Pereira (1989). Em sua tese de doutorado, o autor revela que a maioria das crianças Surdas de pais ouvintes chega à escola com um tipo de comunicação baseada gestos e vocalizações – que não evoluem para uma língua.
Ferreira-Brito (1995), com seus estudos de Lingüística Aplicada, trouxe inúmeras contribuições, principalmente ao destacar a Língua de Sinais como língua materna dos Surdos. Também analisou, sob uma perspectiva lingüística e cultural, como uma língua de modalidade visuo-espacial pode interferir na forma de perceber o mundo.
Quadros (1997) comparou a aquisição da Língua Portuguesa por crianças ouvintes e da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) por crianças Surdas filhas de pais
Surdos que tinham acesso a uma língua visual desde bebês. Nestes estudos, foram comparados aspectos fonológicos, morfológicos e sintáticos da Língua Portuguesa e da
LIBRAS, revelando semelhanças em relação ao domínio lingüístico das crianças
ouvintes