O USO DA ETNOGRAFIA NO FAZER DA MICROHISTÓRIA: CONCEITOS E PARTICULARIDADES
João Antônio Fonseca L. Lima1
Universidade Federal do Pará
Resumo:
A Micro-história constitui uma importante corrente historiográfica, sendo um reflexo e uma conseqüência da Nova História. Surgiu na década de 1980, na Itália, a partir da publicação dos artigos organizados por Carlo Ginzburg e Giovanni Levi, sob o nome de Microstorie. Tal corrente possui características muito peculiares, como por exemplo, sua aproximação com a Literatura e a Antropologia, assim como seu caráter narrativo. Uma das metodologias utilizadas pela mesma é a etnografia, a qual consiste em um dos principais métodos do estudo antropológico. No presente artigo, buscamos compreender de que forma a etnografia contribui para o fazer da Micro-história, bem como quais as particularidades da forma que se dá esta contribuição.
Palavras chave: Particularidades, Etnografia, Micro-História.
Introdução:
Durante o século XX, o mundo vivenciou uma mudança nos estudos históricos, denominada por Peter Burke de “revolução francesa da historiografia”. A revista Annales: ecónomies, societés, civilisation surgiu a partir do encontro, ainda na Universidade de Estrasburgo, entre Lucien Febvre e Marc Bloch.
Até então, os estudos historiográficos eram marcados pelo Positivismo, teoria defendida por Auguste Comte, responsável pela racionalização dos estudos de Ciências Sociais. No período anterior aos Annales o trabalho do historiador consistia em pesquisar documentos e divulgá-los, sem a necessidade de analisá-los, pois estes seriam as únicas fontes de verdade.
Lucien Febvre e Marc Bloch questionavam a validade de tais afirmações. Ambos não concebiam a História como uma ciência linear, a qual reproduzia o modelo de historiografia clássico, segundo o qual, a História deveria “eternizar o feito dos grandes homens” (HOMERO). Deste modo, seu principal combate era também contra conceitos estabelecidos pelo historiador Leopold Von