O universo e Deus
Primeiro, o que são todas as coisas. Nossa resposta está condicionada ao que conseguimos ver e conceber. Porém, apesar dessa limitação, a verdade é que "todas as coisas" compreende o que conhecemos e também o que não conhecemos na extensão infinita do universo. Para muitos (eu diria a maioria) é impossível presentificar ou materializar um universo infinito. Nossa mente consegue alcançar o conceito teórico, mas não projetá-lo como algo concreto. Humanamente é muito difícil conceber algo que se expande em um tempo e espaço infindáveis. Principalmente quando, ao tentarmos esse exercício, percebermos que nossa conhecida, e, até então, vasta e imponente galáxia transforma-se em mínima e impotente estrela de brilho fraco. Duas dimensões que racionalmente nos é muito, mas muito difícil, apreender: primeiro, infinito porque se assim o é, comporta espaços e realidades que não conhecemos. Segundo, tudo porque reside nesse infinito e, portanto, o tudo ainda não nos foi revelado. E uma lógica difícil, mas necessária.
Quando falamos de espiritualidade reportamo-nos a uma dimensão extra corpórea, a um espaço que não é físico (pelo menos não o físico como conhecemos ). Essa perspectiva, imaterial e atemporal, é a dimensão de Deus. Clarice Lispector afirmou que "viver excede todo o entendimento". Eu, diante disso, diria que Deus excede todo nosso entendimento. Nem por isso é menos Deus.
A questão aqui é a posição que ocupamos em relação ao tudo. Nossa cultura católico-cristã, durante séculos, nos ensinou a perceber a vida a partir do nosso mundo. Apresentou-nos uma visão de Deus feito à nossa imagem e semelhança. Nessa lógica, o universo parecia girar em torno desse mundo chamado Terra, dando-nos a