O Universo Segundo Newton
A ciência, como seu nome o diz, restringe-se àquilo que é possível saber. Ela sabe que a natureza Newton das coisas é incognoscível; limita-se, portanto, a descrevê-las, e procura – e essa é a sua finalidade –, a forma mais breve e mais clara. A melhor descrição é a fórmula matemática. No ano de 1500, Leonardo da Vinci escrevia que em cada disciplina há tanta ciência verdadeira quanto haver nela matemática.Toda ciência almeja tornar-se matemática. Quando, para uma descrição, se consegue a fórmula matemática, não há nada que acrescentar-lhe. 1 + 1 = 2 é uma fórmula definitiva, além da qual nada há que indagar. Com as leis que os físicos do século XIX descobriram e puseram em fórmulas, a ciência, nesses domínios da física fundamental, chegou à sua finalidade ideal: a matemática. Ela orienta-se então para problemas, para os quais ainda não foi descoberta nenhuma fórmula. Pode-se muito bem imaginar que a ciência venha a atingir aquele ponto em que todo o cognoscível fique encerrado em fórmulas matemáticas, e que depois nada haja que indagar. Para além deste edifício de fórmulas, estará, então, como o céu para além do horizonte da paisagem, a imensidade do incognoscível, o eterno Mistério.
Depois que na Europa Ocidental os espíritos acordados do Renascimento, - como Nicolau de Cusa, Copérnico, Kepler,Galileu -, durante cerca de duzentos anos exerceram a atividade científica segundo este moderno princípio, veio Newton. Não era ele, precisamente, aquilo que diz o seu epitáfio, “um ornamento da Humanidade”, mas, pelo contrário, pertencia àqueles gênios, relativamente raros, que não cultivaram os seus dons. Era o oposto de Goethe, que, por esse motivo, o odiava profundamente. Newton era um original extravagante, fechado a todas as alegrias da vida, frio, sem a mínima aventura durante toda a sua vida; um homem que nem sequer soube saborear um prato, mas que, desde a manhã até a noite, se embrenhava com afêrro em seus problemas; e estes,