O transtorno de estresse pós-traumático nos contextos de trabalho: reflexões em torno de um caso clínico
Neste artigo será relatado um caso clínico de um adoecimento mental causado por (TEPT). O caso relata um um vigilante que, por cinco anos, conviveu com o transtorno sem saber o que o acometia e sem ser devidamente tratado pela equipe médica e psicológica de sua empresa.
João apresentou-se como vigilante no nosso serviço, em que no período de apenas um mês, ele havia sofrido três assaltos no seu posto, quando este fato começou a interferir em suas funções no trabalho e ele começou a a apresentar sérias mudanças em seu comportamento. Após o sindicato o encaminhar para nossa equipe, em nosso primeiro atendimento, João já se encontrava em melhores condições psíquicas, pois já manter algum convívio com amigos ou vizinhos do prédio onde morava. Não apresentava mais delírios de perseguição e conseguia discorrer, com senso crítico, sobre alguns episódios da época posterior aos assaltos sofridos em sua atividade como vigilante. Porém as imagens do assalto ainda eram muito vivas em sua memória, o que consequentemente o fez sentir muito medo de voltar as suas atividades de vigilante. Ao falar de sua experiência durante o momento do assalto, João começava a apresentar os mesmos sintomas manifestados naqueles momentos de grande tensão, sobretudo o suor nas mãos. Ao descrever sua história de vida, João enfatiza sua infância como uma boa fase de sua vida, embora Entre suas obrigações, tinha a tarefa de cuidar dos irmãos mais novos enquanto a mãe trabalhava fora. Não teve muito convívio com seu pai, após a separação do casamento com sua mãe, o que o fez admitir ter sentido falta da presença paterna em sua educação. Na ocasião do atendimento, seu irmão caçula estava preso por furto havia quatro anos. Esse episódio teve um impacto importante sobre ele e, segundo sua mãe, agravou ainda mais seu quadro, deixando-o muito “abalado”. Ele chorava e manifestava grande