O TRABALHO COMO MEDIÇÃO
Neste artigo e por meio das interpretações de Lima Vaz e de Mészáros, analisase a concepção marxiana do trabalho e de sua importância como mediação principal da autorrealização do homem na história. Elucidam-se as relações que
Marx estabelece entre o trabalho e sua compreensão do ser humano e as formas de alienação que essa relação assume sob a economia capitalista. Na primeira parte do artigo apresentam-se as características principais da concepção crítica do trabalho em Marx a partir de sua diferença em relação à concepção smithiana; na segunda parte mostra-se a relação entre o trabalho alienado e a desumanização do homem; e na terceira, revela-se como Marx concebe a superação da alienação e a realização humana através do trabalho, caracterizado por Vaz como a “esfera ontológica” primordial do ser humano, e por Mészáros como momento necessário da Aufhebung da alienação e, pois, como um conceito possuidor de uma necessidade ontológica.
PALAVRAS-CHAVE: Marx; Trabalho; Autorrealização; Alienação
1. INTRODUÇÃO
Hoje em dia é-nos praticamente impossível negar a centralidade do trabalho em nossa vida individual e na organização da sociedade contemporânea. Na verdade, já faz um bom tempo que ele sucedeu o ócio como lócus privilegiado da afirmação social do homem.
Certamente essa inversão de prioridade e de importância entre o ócio e a atividade ou entre os modos de vida “contemplativa” e “ativa” como parte da autocompreensão do homem coincide com o momento histórico-filosófico cuja característica principal foi a emergência de uma visão de mundo antropocêntrica na qual o homem passou a perceber-se cada vez mais como possuidor de uma vocação ativa e transformadora, determinante de sua relação com o mundo.
Que o homem sempre teve que haver-se com a natureza exterior e com a própria natureza para poder construir sua morada humana, seu ethos, é fato inequívoco, mas que essa atividade viesse a assumir tão elevada posição a ponto de constituir-se em fim último,
pode-se