O tom alternativo dos the gift
O tom alternativo dos The Gift na música portuguesa
O objectivo desta comunicação é reflectir sobre o papel inovador dos The Gift no panorama musical do pop-rock português. Desde o início do século 20, que os fenómenos musicais são inseparáveis dos elementos da sua mediação, os quais abrangem questões nos domínios da produção, da reprodução e da distribuição. Isto implica que qualquer investigação sobre música pop tem de tomar em conta as interligações entre todos estes componentes. A partir do surgimento da new musicology[1], as possibilidades tecnológicas de produção, armazenamento e reprodução da canção, isto é, a própria natureza dos meios nos quais a música é produzida, (anteriormente excluída do campo de investigação) ganharam terreno por neles se reflectirem os mitos e os desejos que influenciam a sociedade de consumo. Tornam-se também eles responsáveis pela formação da identidade cultural. Além do primeiro registo fonográfico intitulado Digital Atmosphere[2], o grupo The Gift lançou até agora mais quatro álbuns: Vinyl (1998), Film (2001), AM-FM (2004), Fácil de entender (2006). A escolha do título dos primeiros quatro trabalhos prende a atenção pelo facto de serem designações das “materialidades da comunicação”[3]. Este facto leva-nos a reflectir sobre o acto interpretativo numa perspectiva diferente do ponto de vista hermenêutico, ou seja, além da primazia dada à identificação e à atribuição do sentido, é igualmente necessário atribuir importância aos fenómenos comunicacionais, componentes materiais que são indispensáveis à veiculação do sentido. Para além dos títulos escolhidos pelo grupo, os próprios meios de registo (de um lado, a gravação analógica ou mecânica - o disco LP - e, do outro lado os meios digitais), ou as formas de mediação (filme e rádio), sublinham a presença indispensável das materialidades no acto artístico em questão. Segundo a distinção formulada por