O tempo de trabalho no capitalismo
Para o processo de trabalho se entende que tenha uma disposição e espaço de tempo que permita materializar o trabalho humano. Tempo de trabalho significa a fração de tempo que é despendida pelos trabalhadores no processo produtivo.
Na Idade Média a administração do tempo ficava encarregada à Igreja, que o concebia como propriedade restrita a Deus, qualquer forma de apoderar do tempo pelo homem, com o propósito de obter lucros, era condenável. Verificamos que essa dominação do tempo realizada pela Igreja veio se chocando com as transformações nas relações econômicas vivenciadas no período.
A demora de uma viagem, por mar ou por terra, de um lugar para outro, o problema dos preços que, no decorrer de uma mesma operação comercial, e mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem, aumentam ou diminuem os lucros, a duração do trabalho artesanal ou operário[...] tudo isso impõe cada vez mais à sua atenção e se torna objecto de regulamentação cada vez mais minuciosa. (LE GOFF, 1980, p. 51)
Para Marx o tempo de trabalho subdivide em tempo de trabalho necessário e tempo de trabalho excedente. Tempo de trabalho necessário àquela fração de tempo de trabalho que é necessária à própria manutenção do próprio trabalhador. Já o tempo de trabalho excedente existe quando o trabalhador não detém mais os meios de produção e a outra fração do seu tempo total de trabalho é dedicada ao detentor desses meios.
O que Marx aponta é que nas diversas formações sociais que antecederam o capitalismo, o trabalho excedente correspondia às necessidades dos homens, predominando apenas o valor de uso dos produtos, sem que haja cobiça por trabalho excedente, como no capitalismo.
Isso não ocorre no modo de produção capitalista, uma vez que “O trabalho excedente e o trabalho necessário se confundem” (MARX, 2003, p. 275), encontram-se atrelados durante a jornada de trabalho.
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