O teatro vicentino
Se considerarmos teatro como aplicação do género dramático, poderemos considerar três períodos distintos na história do teatro português:
- o teatro pré-vicentino;
- o teatro vicentino;
- o teatro pós-vicentino.
Gil Vicente foi o primeiro dramaturgo português que deu consistência literária às representações teatrais que, desde séculos, proliferaram e que se podem agrupar em dois grandes géneros: o teatro religioso e o teatro profano.
Recuando no tempo, é possível observar, de acordo com a intenção que presidia a tais representações, a existência de agrupamentos que podemos classificar do seguinte modo:
- as Moralidades - peças mais curtas cujas personagens eram abstracções personificadas de vícios ou virtudes.
- os Milagres - apresentavam dramatizações da vida dos santos ou situações em que eles intervinham miraculosamente.
- as Farsas - peças satíricas e muito populares. Aproximavam-se da nossa "comédia".
- as Sotties - espécie de farsas em que intervinham "parvos" a fim de permitir a crítica mais livre e mordaz.
- os Momos - são pantominas alegóricas bastante espectaculares devido ao desfile vistoso de personagens de novelas cavaleirescas ou de símbolos régios. É de notar a ausência de diálogo.
É com Gil Vicente que entramos definitivamente no teatro português. Ele é, de facto, o primeiro autor a utilizar o género dramático. E, à maneira do que já acontecia na Europa, sobretudo na Alemanha e Inglaterra, introduz nas suas representações o palco, a fim de colocar o actor acima do horizonte visual do espectador, e o cenário para recriar o espaço cénico adaptável ao conteúdo de cada peça. Por estas razões bem podemos dizer que Gil Vicente, é de facto, o pai do teatro português.
A Linguagem de Gil Vicente
Não obstante o uso do verso, Gil Vicente reproduz maravilhosamente a linguagem coloquial. O verso não serve nele para marcar a linguagem literária, a não ser em certas tiradas