O teatro na ditadura
Com a entrada dos militares ao poder no Brasil em 1964, instaurou-se uma drástica ditadura levando o país a um dos piores momentos de sua história devido à repressão e especialmente a censura. E com a promulgação do AI–5, pelo Marechal Costa e Silva, a situação se tornou cada vez mais crítica. Mesmo com a censura, a cultura brasileira não deixou de criar e se espalhar pelo país e a arte se tornou um instrumento de denúncia da situação do país. A música com artistas como Chico Buarque e Elis Regina, no cinema Cacá Diegues e Glauber Rocha e no teatro grupos como Oficina e Arena denunciaram esse período negro do Brasil.
Um dos setores mais combativos durante o regime militar foi o dos atores e diretores teatrais. Os problemas começaram em 1965, com a proibição de vários textos e alterações em outros, como “Liberdade, Liberdade”, que recebeu 25 cortes. O auge da repressão foi em julho de 1968, considerado por muitos o ano mais duro da repressão militar, quando pessoas ligadas ao CCC (Comando de caça aos comunistas) invadiram, em São Paulo, o teatro onde estava sendo apresentada a peça “Roda Viva”, de Chico Buarque. A peça foi depredada e atores deixados nus na rua. A censura acabou por proibir a peça e com toda essa violência o público foi se afastando cada vez mais. Com isso os principais grupos de teatro da época deram lugar a pequenas companhias, que tinham recursos limitados e pouco apelo ao público, levando a uma grande queda na qualidade dos espetáculos mesmo com a tentativa dos grandes grupos Oficina, do diretor José Celso Martinez, e Arena, do diretor Augusto Boal, de driblar a ditadura. Os mais importantes atores da época, como Cacilda Becker, Ruth Escobar e Walmor Chagas, entre outros, participaram de vigílias nas escadarias dos municipais do Rio e de São Paulo, mas nada que impedisse a asfixia cultural causada pelo governo. O AI-5 acabou sendo um golpe mortal para a cultura brasileira.