O teatro dos desterrados
O teatro dos desterrados: À procura da identidade cultural "Companhias! Companhias! Só se ouve anunciar; Os dramas e cantorias Teremos, pois, que aguentar...
Vêm da Itália, vêm da França, Vêm da China e do Japão... Vamos ter grossa festança, De festas aluvião.. "(Variações de Flautim- VIII)
Palavras-chave: Teatro jesuítico, raízes ibéricas, complexo vira-lata, preconceito de raça, mito erudição europeia, primeira guerra mundial, americanização.
Se pudéssemos definir o grande momento do teatro brasileiro, qual seria? O período das grandes peças de revista? As interpretações de João Caetano das obras européias? As obras teatrais regionalistas do século XX? Todas tiveram sua devida importância na história cultural brasileira. No entanto seja pela falta de investimento ou pela dificuldade de conquistar platéia essas correntes foram enfraquecendo ao ponto de desaparecerem, ou serem substituídas por outras vindas especialmente do velho mundo. É fato que boa parte de nossa teatralidade provenha diretamente da Europa. Essa tendência vem de muitos séculos, com a chegada dos jesuítas portugueses ao Brasil. Eles introduziram a forma dramática em um país sem consciência de civilização, sem necessidade de preservação histórica que aderiu com pouca relutância as ideias impostas pelos colonizadores. Esse ato de ceder com certa facilidade perdura até hoje e diga-se de passagem não somente no campo cultural.
É curioso também o fato de se manterem tradições milenares em certos países e aqui tudo perecer de repente. Acredito que isto esteja mais uma vez ligado as raízes ibéricas de nossos colonizadores. Pra início de conversa, o teatro começou aqui não por necessidade artística ou de registro histórico, mas sim para conquistar e seduzir um povo. Portugal diferente de outros países da Europa não possui uma hierarquia tão rígida e essa herança foi