O Século vista aerea
I. 28 de junho de 1992, o presidente Mitterrand, da França apareceu de forma súbita em Sarajevo, centro de uma guerra balcânica. Seu objetivo era lembrar á opinião publica mundial a gravidade da crise da Bósnia. 28 de junho era o aniversário do assassinato, em Sarajevo, em 1914, do arquiduque Francisco Ferdinando da Áustria-Hungria. Mas quase ninguém captou a alusão, exceto uns poucos historiadores profissionais e cidadãos muito idosos. A memória histórica já não estava viva.
A destruição do passado – ou melhor, dos mecanismos que vinculam nossa experiência pessoal á das gerações passadas – é um fenômeno mais característicos e lúgubres (triste) do final do séc. XX. Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente continuo, sem qualquer relação com o passado publico da época em que vivem.
Para os historiadores da geração do autor o passado é indestrutível, não apenas por pertencer á geração em que ruas e logradouros públicos ainda tinham nomes de homens e acontecimento público, em que os tratados de paz ainda eram assinados e, portanto tinha de ser identificados e os memoriais de guerra lembravam acontecimentos passados, como também porque os acontecimentos públicos são parte da textura de suas vidas. Eles não são apenas marcos em suas vidas privadas, mas aquilo formou suas vidas, tanto privadas como públicas. Na medida em que nos habituamos a pensar na economia industrial em termos de opostos binários “capitalismo” e “socialismo” como alternativas mutuamente excludentes, uma identifica com economias organizadas com base no modelo da URSS, a outra com todo o restante. Agora já deve estar ficando evidente que essa oposição era uma construção arbitraria e em certa medida artificial que só pode ser entendida como parte de determinado contexto histórico. Mesmo o mundo que sobrevive ao fim da Revolução de Outubro é um mundo cujas as instituições e crenças foram moldadas pelos que