O Suic Dio No Adolescente
Publicado por: Libertas
Geraldo José Ballone – médico psiquiatra –
Ainda hoje, infelizmente, em muitos segmentos de nossa cultura repudia-se a responsabilidade pessoal do suicida sobre seu ato, acreditando-se que sua atitude corresponda a um plano pensado e executado com lucidez e arbítrio plenos, em completo descaso intencional e proposital para com a vida.
Essa espécie de ousadia irreverente do suicida incomoda tanto as pessoas que, com freqüência, vemos até no meio médico, pessoas se omitirem ao atendimento de um suicida, assim como, infelizmente, aceitarem a idéia de que “quem quer se matar que se mate“.
Embora a discussão filosófica em torno do suicídio seja extenuante e inconclusiva, do ponto de vista médico a morte por suicídio é tão letal quanto aquela decorrente do infarto do miocárdio e, não obstante, é tão sujeita à abordagem terapêutica quanto esta. Se pensarmos no suicida como uma pessoa embriagada por uma química não alcoólica, mas de neurotransmissores, entenderíamos melhor a possibilidade desse ato ser satisfatoriamente reavaliado quando a pessoa voltar à normalidade psíco-neuro-química.
Sabe-se hoje que, na grande maioria dos casos, o suicida tem uma percepção patologicamente falsa do mundo e dos valores, tal como um míope veria desfocada a realidade. Há inúmeros estados emocionais que limitam e distorcem a percepção da realidade, subtraindo da pessoa a devida liberdade, que os sadios têm, de considerar as condições de existência com a devida sensatez.
O desejável hoje, é que as pessoas sadias percebam suas responsabilidades em relação aos suicidas, tal como procedem em relação às crianças, aos demenciados, aos portadores de doença de Alzheimer, aos epilépticos durante suas crises, enfim que considerem os suicidas como portadores de limitações da liberdade necessária para lidar com a vida de forma sensata. Devemos levar a sério e estar disponíveis para qualquer manifestação de intenção ou ideação de suicídio, pois é