O sobrenatural dos yorubá

- O SOBRENATURAL DOS YORUBÁ

A religião tradicional africana distingue a realidade em dois aspectos: aquilo que é visível (físico, material) e aquilo que é invisível (espiritual). Ambos os aspectos, na concepção africana, fundem-se ao final, pois nenhuma coisa do mundo físico é tão material que não contenha em si elementos do mundo espiritual. Isso conduziu esses povos à crença de que há espíritos nas pedras, nas montanhas, nos rios, nas árvores, nos trovões, no Sol e na Lua. Daí a religião tradicional africana ser muitas vezes chamada também de religião animista. Seus praticantes vivem em profunda harmonia com todo o universo e esforçam-se para comportar-se de maneira adequada, conforme determinadas leis morais. Isso não significa que o profano não estivesse presente no quotidiano daqueles grupos, mas enfatiza o caráter religioso do africano, que utiliza-se do elemento religioso como instrumento de ordem e coesão social, que ao aproximar os seres do Cosmo, do mundo invisível e do Ser Superior, abrem espaço para “intermediadores” entre esses mundos, promovendo, por conseguinte a legitimação hierárquica e a submissão popular aos monarcas das cidades-estado.
Naquela cultura, a prática de determinados rituais e o mantenimento de determinadas cerimônias e preces, expressam a necessidade daqueles povos em alcançar harmonia com o Todo, culminando uma atitude profundamente religiosa, onde cada acontecimento cotidiano, seja banal ou importante, é interpretado num contexto que supera a dimensão material.
As religiões africanas de modo geral, estão livres de noções como culpa, paraíso e inferno – todas trazidas pelos europeus posteriormente. Essas religiões exaltam, sobretudo, o passado como o tempo dos antepassados, tempo privilegiado do preexistente. São religiões que sacralizaram o tempo passado e o tempo presente, de forma que a noção de futuro não foi considerada pela maioria das sociedades africanas tradicionais.
Segundo a concepção africana, moral e religião