O sistema totalitário - hannah arendt
Hannah Arendt falou em suas obras sobre o totalitarismo dividindo o tema em três partes: o anti-semitismo, o imperialismo e o totalitarismo. Esse último, depois de reeditado, corrigido e ampliado em 1958 e 1966, começou a ser publicado com o título de “O Sistema Totalitário”.
No decorrer da obra, a autora fundamenta uma idéia já há muito conhecida de que a revolução industrial criou uma sociedade de massas e, por meio de análises sociológicas detalhadas, vai identificar as relações entre os movimentos totalitários europeus e as massas. Indo contra as crenças estabelecidas de que a ascensão da massa seria advinda de uma igualdade crescente das condições sócias sob o capitalismo, Hannah estabelece uma visão que se percebe em toda sua obra.
Escreve então: “Na verdade, as massas se desenvolvem a partir dos fragmentos de uma sociedade altamente atomizada, cuja estrutura competitiva, e a solidão daí resultante, só é limitada pela circunstância de pertencer a uma classe. A principal característica do homem de massa não é a brutalidade ou o atraso mental, mas o isolamento e ausência de relações sociais normais. Estas massas provêm de uma sociedade de classes cravadas de cisões que fortalecem o sentimento nacionalista: é pois natural que em seu desespero inicial se tenham inclinado por um nacionalismo particularmente violento...” (O sistema totalitário. Tradução francesa com base na edição de 1966, Paris, Editions du Seuil, 1972, p. 40).
E é justamente essa massa falada pela autora, essa massa atomizada e dispersa, à primeira vista sem forma e indiferente às estruturas políticas que a democratização sistema representativo faziam nascer, que seria atraída para movimentos totalitários na Europa.
Depois de conseguir alcançar o poder, o totalitarismo se voltará para a transformação de todas as camadas sócias em massa, quebrando a solidariedade formada historicamente nas comunidades, que, por sua vez, irão transformar-se