O Serviço Social e o debate sobre a questão racial
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ganha visibilidade no cená‑ rio nacional, a partir das diversas lutas protagonizadas pela classe trabalhadora na defesa dos direitos sociais e contra o autoritarismo do Estado burguês.
O sistema capitalista modifica profundamente a dinâmica dasrelaçõessociais, mesmo quando se considera que a desigualdade entre as várias camadas sociais é um fenômeno antigo. A forma que a pobreza assume nessa sociedade é radicalmen‑ te nova. Pela primeira vez na história da humanidade, a pobreza cresce na mesma proporção que se criam as condições para sua redução e, no limite, para sua supres‑ são (Netto, 2005).
No bojo desta contradição e sob a influência da Igreja católica, surge na dé‑ cada de 1930 o Serviço Social brasileiro para intervir nas diversas manifestações da questão social, produzidas pela sociedade capitalista.
À medida que o Serviço Social surge profundamente marcado pelo caráter de apostolado católico, analisando a questão social como problema moral e religioso, as relações raciais não são problematizadas adequadamente, uma vez que as refle‑ xões da categoria privilegiam as ações direcionadas à “resolução” moral das con‑ tradições de classe.
Várias modificações e determinaçõessócio‑históricas consolidam um Serviço
Social maduro, na década de 1980, entre elas a incorporação de uma análise crítica orientada pela herança marxista que permite uma apreensão do movimento de transformação da realidade social.
3. “O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho.
Questão social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna‑se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus