O SER
Seguramente esta é uma das frases mais conhecidas e repetidas no mundo, denotando um certo respeito ao conhecimento, aos clássicos e ao conceito de filosofia, estabelecido pelo senso comum. Escrita por William Shakespeare, entre 1599 e 1601, esta frase faz parte da tragédia grega Hamlet, que conta uma historia, passada na Dinamarca, de como o príncipe Hamlet tenta vingar a morte do pai, Hamlet, o rei, assassinado por Cláudio, seu irmão, que o envenenou e que, em seguida, tomou o trono, casando-se com a rainha.
Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna (destino), enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provocações
E em luta pôr-lhes fim?
Morrer... dormir: nada mais
[...] Morrer, dormir
[...] Dormir, talvez sonhar Shakespeare. Tragédia Hamlet, Ato III Cena I
Na busca determinada de vingança, Hamlet, o príncipe, acaba engajado em dúvidas filosóficas e morais, aparentando estar louco. Ser ou não ser, a expressão repetida por Shakespeare, sem dúvida alguma consta entre as maiores questões levantadas pela espécie humana, desde o início dos tempos. Para tentar trazer alguma luz ao tema, ajudando a elucidar esta dúvida, vamos, primeiramente, nos perguntar "o que é ser ?". Partindo de uma análise da linguagem, podemos dizer que o infinitivo português "ser" pretende traduzir o particípio substantivo grego "tò ov" ou o particípio latino "ens", "ente", ou, de modo mais preciso ainda, "alguma coisa que é". O ser é, portanto, alguma coisa que tem por determinação própria ou por atualidade o existir. Para compreender melhor este conceito, comecemos por estudar Parmênides, filósofo grego, natural de Eléia, uma cidade cujas ruínas encontram-se na região de Salerno,